A década de 80 foi marcante! Foi uma época em que o sentimento e a garra sempre sobressaíram em relação à técnica. Os álbuns eram gravados sob condições precárias, mas a criatividade das bandas dessa época era impressionante. E, sem dúvida nenhuma, poucas bandas simbolizaram tanto esse período quanto o Venom!
Especificamente no Brasil, os anos 80 foram ainda mais especiais. Encontrar qualquer revista, cassete, vinil (ainda não existia CD...), era considerado um ato heróico. Nos programas de clips na televisão, a banda mais pesada que constava na programação era o Kiss. Não existia Metropolitan com tapetezinho vermelho. Os shows eram no Maracanãzinho mesmo, com som embolado e tudo mais, porém com o "clima" de Heavy Metal.
Em 85 e 86, passada a euforia causada pelo primeiro Rock in Rio, as revistas brasileiras de Heavy Metal da época noticiavam que havia, em uma cidade minúscula da Inglaterra chamada Newcastle, uma banda fazendo um som totalmente diferente do que já se tinha ouvido. Nunca uma banda havia soado tão rápido, tão pesada e agressiva. Nunca um grupo havia quebrado tantas barreiras. Nunca músicos (?) até então haviam adotado pseudônimos.
Seu nome: Venom.
Junto com as matérias, as fotos dos componentes eram as mais radicais possíveis. Cronos, Mantas e Abaddon apareciam como seres de outro mundo, indivíduos que deram um novo rumo ao Heavy Metal. Lendo as revistas, ficamos sabendo que a banda se auto-intitulava "Black Metal", uma ramificação muito mais extrema do Heavy Metal, e que, a partir dela, se desdobrou em Death Metal e Thrash Metal, o que fez do Venom a banda mais influente da história do Heavy Metal, ao lado do Black Sabbath.
Na Rock Brigade de Setembro de 83, o repórter Berrah de Alencar, comentando o disco "Black Metal", escreveu versos que despertaram um interesse máximo sobre a banda, como "É horripilante! O Venom detona sem piedade. (...) Poucos têm condições psicológicas para ver, ouvir e engolir o que o Venom mostra no palco. O shock desta banda intensificou uma campanha maciça em todos os E.U.A., feita em outdoors de beira de estradas, contra o Heavy Metal, encetada pela Music for Moral Majority, instituição religiosa americana. No senado apareceu um projeto de lei que obriga a colocar nos discos de Heavy Metal 'Isto contém alusões ao demônio'. Que tamanho cinismo!".
Em 86, outra revista, a Heavy, colocou ainda mais lenha na fogueira de expectativa sobre o Venom: "Não há nada de macio no Venom. Tudo é violento e forte. Além de rápido (...). Ao vivo, nos discos ou nos vídeos, nada de romantismo, nada de harmonia. Tudo é arrasadoramente alto, cheio de distorções, som sujo, Thrash. São, em verdade, os papas do Black Metal".
E nós, fãs acostumados com Kiss, Whitesnake, Scorpions, Ozzy Osbourne, Iron Maiden, AC/DC, passamos a cultivar uma enorme expectativa em escutar o som do Venom. Seus discos, quando encontrados no underground carioca, eram vendidos cheios de advertências a respeito do teor lírico, o que só aumentava ainda mais o suspense.
Em meados de 86, o que parecia impossível aconteceu: é anunciada uma excursão do Venom ao Brasil! Logo o Venom, uma banda que faz poucos shows, e ainda mais no Brasil, um país que, até então, estava vivendo das lembranças do Kiss em 83 e do Rock in Rio I.
No começo, ninguém acreditou. Com o tempo, os primeiros cartazes foram sendo espalhados pelas lojas do Rio, como a Sub-Som e a Toca do Vinil. Foi noticiado que o Exciter também viria, e que bandas brasileiras abririam os shows, inclusive uma "tal" de Sepultura. Os mais pessimistas, que achavam que aquilo tudo não passava de um sonho, só vieram a acreditar mesmo quando a rede Bandeirantes de televisão passou a exibir uma chamada para o show, em pleno horário nobre, onde o Venom aparecia tocando ao vivo. Não havia mais dúvida! A banda mais pesada do mundo estaria mesmo no Brasil!
No colégio, meus amigos espalhavam boatos sem nenhum fundamento, como "O último show deles foi na Argentina, e morreram 400 pessoas" (O Venom nunca tocou lá), e "Eu vi uma entrevista onde a banda disse que no fim dos shows aqui no Brasil iria fechar os portões dos estádios e botar fogo dentro", e muitos outros.
Após a passagem do Venom e do Exciter, tudo mudou no Brasil. As bandas Heavy passaram a nos visitar com mais frequência, surgiram mais lojas especializadas em Metal, tornando muito mais fácil encontrar álbuns de bandas até então undergrounds como Destruction, Celtic Frost e Kreator. Mas os fãs daquela época jamais se esquecerão como as dificuldades e a escassez de shows tornaram os anos 80 especiais, e fez da vinda do Venom um marco na história do Heavy Metal no país. Vale lembrar ainda que este foi o primeiro show de toda aquela geração que passou a gostar de Metal com o Rock in Rio I.
A maior parte das matérias foi escaneada diretamente das revistas, em vez de serem re-digitadas. Assim, o leitor deverá ficar sempre conduzindo o mouse de acordo com a leitura. Meu objetivo com isso foi manter ao máximo a sensação de estar abrindo uma revista do começo dos anos 80, e preservar as relações fotos/texto de cada reportagem. Algumas páginas foram prejudicadas pela ação de cupins e traças, como você poderá perceber; em outras, a qualidade não está "aquela" maravilha, ou estão meio tortas, mas o sentimento está lá, intacto, e para o verdadeiro fã do Venom, é o que importa!
Especificamente no Brasil, os anos 80 foram ainda mais especiais. Encontrar qualquer revista, cassete, vinil (ainda não existia CD...), era considerado um ato heróico. Nos programas de clips na televisão, a banda mais pesada que constava na programação era o Kiss. Não existia Metropolitan com tapetezinho vermelho. Os shows eram no Maracanãzinho mesmo, com som embolado e tudo mais, porém com o "clima" de Heavy Metal.
Em 85 e 86, passada a euforia causada pelo primeiro Rock in Rio, as revistas brasileiras de Heavy Metal da época noticiavam que havia, em uma cidade minúscula da Inglaterra chamada Newcastle, uma banda fazendo um som totalmente diferente do que já se tinha ouvido. Nunca uma banda havia soado tão rápido, tão pesada e agressiva. Nunca um grupo havia quebrado tantas barreiras. Nunca músicos (?) até então haviam adotado pseudônimos.
Seu nome: Venom.
Junto com as matérias, as fotos dos componentes eram as mais radicais possíveis. Cronos, Mantas e Abaddon apareciam como seres de outro mundo, indivíduos que deram um novo rumo ao Heavy Metal. Lendo as revistas, ficamos sabendo que a banda se auto-intitulava "Black Metal", uma ramificação muito mais extrema do Heavy Metal, e que, a partir dela, se desdobrou em Death Metal e Thrash Metal, o que fez do Venom a banda mais influente da história do Heavy Metal, ao lado do Black Sabbath.
Na Rock Brigade de Setembro de 83, o repórter Berrah de Alencar, comentando o disco "Black Metal", escreveu versos que despertaram um interesse máximo sobre a banda, como "É horripilante! O Venom detona sem piedade. (...) Poucos têm condições psicológicas para ver, ouvir e engolir o que o Venom mostra no palco. O shock desta banda intensificou uma campanha maciça em todos os E.U.A., feita em outdoors de beira de estradas, contra o Heavy Metal, encetada pela Music for Moral Majority, instituição religiosa americana. No senado apareceu um projeto de lei que obriga a colocar nos discos de Heavy Metal 'Isto contém alusões ao demônio'. Que tamanho cinismo!".
Em 86, outra revista, a Heavy, colocou ainda mais lenha na fogueira de expectativa sobre o Venom: "Não há nada de macio no Venom. Tudo é violento e forte. Além de rápido (...). Ao vivo, nos discos ou nos vídeos, nada de romantismo, nada de harmonia. Tudo é arrasadoramente alto, cheio de distorções, som sujo, Thrash. São, em verdade, os papas do Black Metal".
E nós, fãs acostumados com Kiss, Whitesnake, Scorpions, Ozzy Osbourne, Iron Maiden, AC/DC, passamos a cultivar uma enorme expectativa em escutar o som do Venom. Seus discos, quando encontrados no underground carioca, eram vendidos cheios de advertências a respeito do teor lírico, o que só aumentava ainda mais o suspense.
Em meados de 86, o que parecia impossível aconteceu: é anunciada uma excursão do Venom ao Brasil! Logo o Venom, uma banda que faz poucos shows, e ainda mais no Brasil, um país que, até então, estava vivendo das lembranças do Kiss em 83 e do Rock in Rio I.
No começo, ninguém acreditou. Com o tempo, os primeiros cartazes foram sendo espalhados pelas lojas do Rio, como a Sub-Som e a Toca do Vinil. Foi noticiado que o Exciter também viria, e que bandas brasileiras abririam os shows, inclusive uma "tal" de Sepultura. Os mais pessimistas, que achavam que aquilo tudo não passava de um sonho, só vieram a acreditar mesmo quando a rede Bandeirantes de televisão passou a exibir uma chamada para o show, em pleno horário nobre, onde o Venom aparecia tocando ao vivo. Não havia mais dúvida! A banda mais pesada do mundo estaria mesmo no Brasil!
No colégio, meus amigos espalhavam boatos sem nenhum fundamento, como "O último show deles foi na Argentina, e morreram 400 pessoas" (O Venom nunca tocou lá), e "Eu vi uma entrevista onde a banda disse que no fim dos shows aqui no Brasil iria fechar os portões dos estádios e botar fogo dentro", e muitos outros.
Após a passagem do Venom e do Exciter, tudo mudou no Brasil. As bandas Heavy passaram a nos visitar com mais frequência, surgiram mais lojas especializadas em Metal, tornando muito mais fácil encontrar álbuns de bandas até então undergrounds como Destruction, Celtic Frost e Kreator. Mas os fãs daquela época jamais se esquecerão como as dificuldades e a escassez de shows tornaram os anos 80 especiais, e fez da vinda do Venom um marco na história do Heavy Metal no país. Vale lembrar ainda que este foi o primeiro show de toda aquela geração que passou a gostar de Metal com o Rock in Rio I.
A maior parte das matérias foi escaneada diretamente das revistas, em vez de serem re-digitadas. Assim, o leitor deverá ficar sempre conduzindo o mouse de acordo com a leitura. Meu objetivo com isso foi manter ao máximo a sensação de estar abrindo uma revista do começo dos anos 80, e preservar as relações fotos/texto de cada reportagem. Algumas páginas foram prejudicadas pela ação de cupins e traças, como você poderá perceber; em outras, a qualidade não está "aquela" maravilha, ou estão meio tortas, mas o sentimento está lá, intacto, e para o verdadeiro fã do Venom, é o que importa!